Hoje na Economia 31/05/2019
Edição 2266
31/05/2019
Forte aversão ao risco toma conta dos mercados, nesta sexta-feira, derrubando mercados de ações, juros dos títulos soberanos e petróleo. A busca por segurança ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar, ontem à noite, a disposição de impor tarifas contra produtos do México pela questão imigratória, abrindo mais uma frente nas tensões comerciais e reforçando os temores de perda de fôlego da economia global.
Na Ásia, bolsas fecharam em território negativo, em dia de menor apetite ao risco, não só por conta da nova ação protecionista americana, como também por dados mostrando enfraquecimento da atividade industrial na China. O índice de gerentes de compras (PMI) da indústria da China recuou de 50,1 em abril para 49,4 em maio, segundo a agência de estatística do governo. O dado veio abaixo da previsão de 49,9 dos analistas de mercado. Em Xangai, o índice Composto fechou em baixa de 0,24%, fechando o mês de maio com perda acumulada de 5,8%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou baixa de 0,79%, acumulando perda de 9,4% no mês de maio. Na bolsa de Tóquio, a valorização do iene com a busca por segurança prejudicou as ações de exportadoras japonesas. O Nikkei encerrou o dia com recuo de 1,63%, a maior queda em dois meses. O Nikkei acumulou baixa de 7,45% no mês de maio. O dólar é negociado a 108,73 ienes nesta manhã, conta 109,61 ienes de ontem à tarde. O índice Kospi, da bolsa de Seul, foi na contramão da maioria e subiu 0,14%, fechando o mês com variação acumulada de -7,3%. Em Taiwan, o índice Taiex fechou em alta de 1,11%, mas fechou maio com perda acumulada de 4,3%.
A ameaça do presidente americano de penalizar o México com elevação de tarifas para forçar o vizinho a melhorar seu desempenho no controle imigratório, também afeta os mercados europeus, reforçando temores de uma piora da economia global. Pesam também as preocupações com a política da Itália e seus gastos públicos, bem como com as dificuldades no processo do Reino Unido para a saída da União Europeia (Brexit). O índice STOXX600 opera com queda de 1,40%, nesta manhã. Em Londres, o FTSE100 perde 1,06%; em Paris o CAC40 recua 1,57%; o DAX tem queda de 1,96% em Frankfurt. O euro é negociado a US$ 1,1151, subindo em relação ao valor de US$ 1,1129 de ontem à tarde.
À semelhança dos mercados da Ásia e da Europa, a aversão ao risco também toma conta dos ativos americanos, derrubando os juros pagos pelas treasuries, bem como os índices futuros de ações. Neste momento, o yield do T-Note de 10 anos situa-se em 2,1523% ao ano (-2,76%), recuando para o menor patamar dos últimos 21 meses. O índice DXY situa-se em 98,0 pontos, com o dólar mantendo o avanço global frente às principais moedas. Entre os futuros de ações dos principais índices da bolsa de Nova York, o Dow Jones recua 1,13%; o S&P 500 perde 1,19%; o Nasdaq tem queda de 1,54%.
No mercado de petróleo, os contratos futuros operam no vermelho, influenciados pelos temores sobre o comércio global e suas prováveis consequências para a demanda da commodity. O contrato futuro do petróleo tipo WTI para julho é negociado a US$ 55,10/barril, com queda de 2,60%.
Desaceleração da atividade industrial da China, reforçando o quadro de perda de fôlego da segunda maior economia do mundo, e acirramento dos conflitos comerciais pondo em risco a economia global devem também pesar negativamente sobre o desempenho dos ativos brasileiros neste último dia de maio. Bovespa deve acompanhar a trajetória de baixa das principais bolsas mundiais, o dólar deve ser fortalecido pela aversão ao risco, e os juros futuros devem subir acompanhando a depreciação cambial. Na agenda, o IBGE divulga a PNAD Contínua de abril que deve mostrar taxa de desemprego de 12,5% no período (12,7% em março).