Hoje na Economia – 08/07/2021
Mercados financeiros operam em queda, com aversão ao risco predominando em todos os lugares. Medo de que a variante Delta do Covid-19 cause novos lockdowns em muitos países faz com que investidores vendam ativos de risco, junto com preocupações com liquidez mundial.
Na Ásia as bolsas fecharam em queda, com o índice regional MSCI Asia Pacific recuando -1,1%. Houve contrações de -0,88% no Nikkei225 de Tóquio, -0,99% no KOSPI de Seul, -2,89% no Hang Seng de Hong Kong e -0,79% na bolsa de Xangai. As ações chinesas tiveram queda concentrada no setor de tecnologia, uma vez que intervenções governamentais estão ocorrendo em empresas no setor. Há rumores de que o Banco do Povo da China pensa em reduzir a taxa de compulsório para estimular a atividade para pequenas empresas que estão com problemas de financiamento. No Japão a queda ocorreu também porque o governo deve anunciar novo estado de emergência para lidar com aumento de casos de Covid-19. O iene está se apreciando 0,79%, cotado a ¥/US$ 109,79.
Na Europa as bolsas operam com forte variação negativa. Há quedas de -1,96% no FTSE100 de Londres, -2,21% no CAC40 de Paris, -1,74% no DAX de Frankfurt e -1,81% no índice pan-europeu STOXX600. O euro está se valorizando diante do dólar, +0,42%, cotado a US$/€ 1,1839. Hoje deve ser divulgada a revisão dos objetivos de política monetária do Banco Central Europeu. Assim como ocorreu nos EUA, é esperado que o BCE possa ficar mais leniente com inflação, ao ter meta de 2% (e não ligeiramente abaixo de 2% ao ano) e meta de inflação média, segundo rumores. A balança comercial alemã veio abaixo do esperado (12,3 bi contra expectativa de 15,1 bi), com maior crescimento das importações.
Nos EUA os índices futuros de ações também operam com fortes quedas, de -1,54% no Dow Jones, -1,36% no S&P500 e -1,24% no NASDAQ. O dólar está perdendo valor contra moedas de pares desenvolvidos, com o índice DXY caindo -0,14%, mas está ganhando valor diante de países emergentes, com o ambiente de aversão ao risco. Esse ambiente também ajuda os juros futuros americanos a caírem consideravelmente, com o yield da Treasury de 10 anos a 1,2479% a.a., uma queda de 7 pb. Hoje sairão dados de pedidos semanais de seguro-desemprego, com expectativa de queda de 364 mil para 350 mil. Dados de crédito de maio também serão divulgados, devendo seguir mostrando expansão forte, de US$ 18 bi por mês.
Os preços de commodities estão em queda, mas modesta em comparação com o que ocorre com as bolsas. O índice geral da Bloomberg recua -0,39%, com destaque para variações negativas no ferro (-1,27%) e no petróleo (-0,96% no caso do barril tipo WTI, negociado a US$ 71,5/barril). Os países produtores de petróleo da OPEP+ ainda não chegaram a acordo para volta da oferta. Algumas commodities estão em alta, caso do ouro (+0,63%) e do cobre (-1,54%).
No Brasil, o IPC-S da 1ª semana de julho ficou em 0,80%, contra anterior de 0,64%, com destaque para aumentos de preços de energia e combustíveis. O IPCA de junho será divulgado hoje, devendo ter ficado em 0,59% M/M segundo a mediana de projeções, uma desaceleração em relação aos 0,83% M/M vistos no mês anterior, mas ainda bastante elevado. O ambiente político brasileiro segue bastante tumultuado, com novos desenvolvimentos negativos para o governo na CPI da Covid e indicações de que empresariado se opõe ao atual texto da reforma tributária. O ambiente político negativo deve amplificar o efeito da aversão ao risco global e fazer os preços de ativos brasileiros caírem hoje. A bolsa deve e o real deve se depreciar diante do dólar. Os juros futuros devem subir, porém podem responder mais ao IPCA em caso de surpresa para baixo.