Hoje na Economia – 06/03/2020
Mercados enfrentam, nesta sexta-feira, mais um dia de forte aversão ao risco. Crescem temores de que a disseminação da epidemia do coronavírus empurre a economia global para recessão. As bolsas europeias e futuros americanos seguem a forte queda ocorrida na Ásia, aumentando a procura por ativos considerados seguros como o iene e títulos soberanos.
As bolsas asiáticas mergulharam no vermelho no pregão desta sexta-feira. O índice MSCI Asia Pacific fechou o dia com queda de 2,0%. As perdas foram lideradas pela bolsa japonesa. O índice Nikkei perdeu 2,72% em Tóquio, influenciado principalmente pela queda nos papéis de siderurgia. Ontem, o Japão decidiu impor quarentena de duas semanas a turistas oriundos da China e da Coreia do Sul. O país tem mais de 1.000 casos confirmados da doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, o coronavírus já infectou 95 mil pessoas e causou mais de 3.200 mortes, com a maioria concentrada na China. Em outras partes da Ásia, o Hang Seng caiu 2,32% em Hong Kong; o sul-coreano Kospi recuou 2,16% em Seul; em Taiwan, o Taiex cedeu 1,68%. Na China, o Xangai Composto teve baixa de 1,21%. No mercado de moedas, o iene se fortaleceu diante da busca por porto seguro. O dólar é negociado a 105,54 ienes, de 107,10 ienes observado no dia de ontem.
Na Europa, o quadro de “quase pânico” prevalece, nesta manhã. O índice STOXX600 tem queda de 2,91%, com todos os 19 setores que compõem o índice operando no vermelho, com destaque para queda de 5,31% das empresas aéreas. Em Londres. O FTSE100 tem queda de 2,42%;o CAC40 perde 3,22% em Paris; em Frankfurt, o DAX recua 2,88%. O euro é negociado a US$ 1,1281, de US$ 1,1172 observado ontem.
A forte aversão ao risco favorece a forte procura por títulos soberanos, esticando os preços desses papéis para níveis inéditos. O juro pago pelo T-Bond de 10 anos encontra-se em 0,7497%, com queda de 17,8%, no momento. O yield do Bund alemão de 10 anos recuou para -0,729%, com queda de 6,23%. Os futuros de ações da bolsa de Nova York apontam para mais um dia de pesadas perdas para Wall Street: o futuro do Dow Jones recua 1,81%; S&P 500 perde 1,08%; Nasdaq tem queda de 1,92%. O índice DXY situa-se em 96,25 pontos, com queda de 0,59%, refletindo o enfraquecimento do dólar diante das moedas consideradas porto seguro. Na agenda, meio obscurecido pelo pânico provocado pelo coronavírus, mas ainda assim importante para as tendências do mercado, será divulgada a folha de pagamento de fevereiro. De acordo com o consenso, a economia americana criou, liquidamente, 175 mil vagas em fevereiro (225 mil em janeiro). A taxa de desemprego deve permanecer em 3,6%.
À semelhança dos demais ativos de risco, o petróleo opera em forte baixa, não só devido às preocupações com a epidemia do coronavírus, mas também pela indefinição da Opep e produtores independentes quanto ao tamanho do corte adicional na produção para dar sustentação aos preços da commodity. No momento, o contrato futuro do petróleo WTI é negociado a US$ 45,03 o barril, com queda de 1,90%.
Com a epidemia do coronavírus se alastrando, colocando em risco a economia global, os mercados brasileiros também deverão atuar na defensiva. A Bovespa deve abrir em queda, seguindo a tendência das principais bolsas internacionais, enquanto a taxa de câmbio deve se manter pressionada, empurrando os juros futuros para cima.