Hoje na Economia – 08/03/2021
O cenário de “reflation trade” avança a todo vapor. Na sexta-feira, os dados sobre mercado de trabalho norte-americano confirmaram a firme retomada da economia. No final de semana, o Senado dos EUA aprovou o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente Joe Biden, que injetará forte estímulo à economia nos próximos meses. Na China, as exportações batem recorde em fevereiro, reafirmando o quadro de superação econômica da segunda maior economia do globo.
Em Nova York, os índices futuros das principais bolsas de ações operam em queda, à medida que os rendimentos dos Treasuries estão em alta, realimentando temores de que a inflação ganhe tração, o que poderia levar o Fed a subir os juros antes do esperado pelos mercados. O juro pago pelo T-Note de 10 anos subiu três pontos base, para 1,60% ao ano. O índice DXY do dólar, que acompanha o valor da moeda americana diante de uma cesta de seis moedas relevantes, amplia ganhos, situando-se em 92,16 pontos, com alta de 0,20%. A elevação dos rendimentos dos Treasuries alimenta as preocupações com a excessiva valorização das ações de tecnologia, o que se reflete em queda de 1,70% no índice futuro do Nasdaq. O Dow Jones recua 0,19%, enquanto o S&P 500 perde 0,66%.
Na Ásia, houve queda generalizada nos mercados de ações da região. O índice MSCI Asia Pacific encerrou o dia em baixa de 1,1%. Investidores preocupados com a possível volta da inflação na esteira da recuperação dos EUA e da China, o que obrigaria os bancos centrais a reverter medidas de estímulo monetários tomadas para combater os efeitos da pandemia de covid-19. No Japão, o índice Nikkei caiu 0,42% em Tóquio, enquanto o Hang Seng recuou 1,92% em Hong Kong. O sul-coreano Kospi desvalorizou 1,0% em Seul, enquanto o Taiex registrou perda de 0,22% em Taiwan. Na China, o índice Xangai Composto teve queda de 2,30%. No mercado de moedas, o dólar é negociado a 108,51 ienes, subindo em relação ao valor de 108,29 ienes de sexta-feira à tarde.
Na Europa, o ambiente é de otimismo diante da aprovação, no final de semana pelo Senado americano, do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente Joe Biden. O índice pan-europeu de ações, STOXX600, opera com alta de 0,79%, nesta manhã. Em Londres, o FTSE100 sobe 0,56%; o CAC40 avança 0,55% em Paris; em Frankfurt, o DAX se valoriza 0,82%. As moedas europeias perdem para o dólar: o euro recua para US$ 1,1872 (-0,36); a libra cai a US$ 1,3821 (-0,14%).
Os contratos futuros de petróleo operam em alta nesta manhã, refletindo os efeitos do ataque de rebeldes do Iêmen a um grande porto petrolífero da Arábia Saudita, neste domingo. No momento, o contrato futuro do petróleo tipo WTI é negociado a US$ 66,54/barril, com alta de 0,67%.
Na agenda econômica brasileira, a FGV divulga o IGP-DI de fevereiro, que deve mostrar inflação de 2,25% no mês e 29,38% em doze meses, segundo a mediana das projeções dos analistas. A Bovespa deve seguir sem direcional claro, de olho nas bolsas externas e no risco fiscal doméstico. A taxa de câmbio deve se manter pressionada, diante da valorização do dólar no mercado externo e com notícias sobre eventual piora nas perspectivas fiscais. A parte curta da curva de DIs futuros fica à mercê do IPCA de fevereiro que será divulgado na quinta-feira, o que pode reforçar apostas de uma alta de 50 bps na Selic neste mês. Os vértices longos devem acompanhar a alta dos Treasuries.