Hoje na Economia – 15/01/2021
Mercados devem encerrar a semana no vermelho. O que começou como fator animador tornou-se fonte de preocupação. Investidores receberam bem o anúncio do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão prometido pelo presidente eleito Joe Biden, que pode reforçar a recuperação econômica. Ponderam, no entanto, que o esforço fiscal pode ser esvaziado no Congresso, com também resultar em alguma elevação indesejada de impostos.
Na Ásia, os mercados operaram sem um denominador comum. O índice regional MSCI Asia Pacific terminou a sessão de hoje contabilizando perda de 0,60%. Esse resultado refletiu a decisão do presidente Donald Trump de incluir a empresa fabricante de celulares, Xiaomi, na “lista negra”, o que limita operações de empresas americanas com essas companhias chinesas por suposta ligação com o exército de Pequim. Na China, o índice Xangai Composto fechou estável, enquanto o Hang Seng subiu 0,41% em Hong Kong. Os chineses simplesmente ignoraram a decisão do atual governante americano. Em outras partes da Ásia, prevaleceu o ceticismo com o pacote de ajuda anunciado por Biden. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou em queda de 0,62%, enquanto o sul-coreano Kospi apurou perda de 2,03% em Seul. No mercado de moeda, o dólar é negociado a 103,69 ienes, com a moeda japonesa valorizando 0,11%.
Na Europa, as dúvidas sobre os desdobramentos do pacote fiscal anunciado pelo novo governo americano colocam os investidores na defensiva. Essa postura cautelosa também reflete o avanço da covid-19 e as dificuldades de se acelerar o programa de vacinação na região europeia. O índice pan-europeu de ações, STOXX600, opera com queda de 0,41%, nesta manhã. Em Londres, o FTSE100 perde 0,42%; o CAC40 recua 0,68% em Paris; em Frankfurt, o DAX desvaloriza 0,52%. O euro troca de mãos a US$ 1,2137, recuando 0,15% ante a divisa americana.
No mercado americano, os futuros das bolsas de Nova York seguem os demais mercados nesta manhã, refletindo algum ceticismo com o pacote fiscal. O futuro do índice Dow Jones recua 0,31%; o S&P cai 0,28%; Nasdaq tem perda de 0,10%. O dólar recupera parte das perdas recentes, após o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmar que uma eventual alta dos juros americanos permanece fora da agenda do Fed. O índice DXY do dólar sobe 0,15% no momento, situando-se em 90,38 pontos. O juro pago pelo T-Bond de 10 anos situa-se em 1,11% ao ano, perdendo três pontos base. Na agenda econômica, destaque para a divulgação dos dados sobre a produção industrial e vendas no varejo, ambos de dezembro, que devem mostrar variações de 0,5% m/m e 0,0% m/m, respectivamente, segundo o consenso do mercado.
O mercado de commodities e de petróleo também se deixou influenciar pelas dúvidas que cercam o pacote fiscal americano. O contrato futuro do petróleo tipo WTI, para fevereiro, é negociado a US$ 53,09/barril, com queda de 0,88%.
Na agenda de indicadores no Brasil, o IBGE divulga as vendas no varejo referentes a novembro. Segundo a mediana das projeções captadas pela Bloomberg, as vendas do varejo restrito devem ter aumentado 0,3% m/m, enquanto o varejo ampliado subiu 1,6% m/m. A FGV divulga o IGP-10 de janeiro, que deve marcar inflação de 0,97% no mês, segundo o consenso do mercado. A Bovespa pode acompanhar o direcional baixista das principais bolsas internacionais, aproveitando para realizar lucros. O real pode depreciar, seguindo o fortalecimento do dólar nesta sexta-feira, enquanto os juros futuros podem refletir a agenda econômica para definir uma tendência para hoje.