Hoje na Economia – 29/06/2023
Economia Internacional
Em Sintra, banqueiros centrais relevantes que discursaram ontem mantiveram o tom hawkish. Lagarde, do ECB, reafirmou que ainda há trabalho de política monetária a ser feito na Zona do Euro e que o comitê deve elevar as taxas referenciais de juros em julho, além de manter a postura de dependência dos dados. Powell, do Fed, também reafirmou que a política monetária deve permanecer em campo restritivo para garantir a convergência da taxa de inflação à meta de 2% no horizonte relevante, o que seria consistente com duas altas adicionais de juros neste ano.
A agenda de hoje teve como destaques dados de atividade mais fortes do que o esperado nos EUA, que corroboram a visão de resiliência da economia americana. O PIB do 1° trimestre foi revisado de 1,3% T/T anualizado para 2,0%, acima da expectativa consensual de mercado, que projetava revisão para 1,4%. O viés altista da revisão refletiu incrementos positivos em componentes associadas à demanda interna, com ênfase no consumo das famílias e nos gastos do governo, além das exportações. Os pedidos semanais de seguro-desemprego recuaram para 239 mil, patamar inferior ao esperado pelos analistas (265 mil).
Economia Nacional
O IGP-M permaneceu em terreno deflacionário em junho e registrou variação de -1,93% M/M, abaixo do esperado pela SulAmérica Investimentos (-1,86% M/M) e pela expectativa mediana do mercado (-1,73% M/M). Na comparação interanual, a inflação medida pelo IGP-M acumula deflação de -6,86%. Os preços ao produtor recuaram -2,73% M/M em junho, repercutindo o impacto da queda dos preços de combustíveis que compensaram o avanço relativo de commodities, com destaque para o minério de ferro. Os preços ao consumidor também tiveram variação negativa no mês (-0,25% M/M), puxados por Alimentação (-0,33% M/M) e Transportes (-1,68%), o último influenciado pela queda na gasolina e em passagens aéreas. O INCC acelerou de 0,40% M/M para 0,85% M/M, refletindo a alta de 1,81% M/M em Mão de Obra.
O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta manhã pelo Banco Central, trouxe uma revisão altista para o crescimento do PIB deste ano, de 1,2% para 2,0%, em linha com o consenso de mercado. Outro destaque foi a projeção para a inflação de 2025, que foi revisada ligeiramente para baixo, de 3,2% para 3,1%. O Relatório também trouxe a discussão acerca da taxa real neutra de juros, que foi revisada pelo Banco Central de 4,0% para 4,5% na última ata do COPOM. Em termos de sinalização, o Relatório manteve a comunicação adotada no comunicado do COPOM, reafirmando o tom de cautela e serenidade na condução da política monetária, cujo cenário segue demandando paciência.
O CAGED de maio mostrou criação líquida de 155.270 postos de trabalho formais no mês, frustrando a expectativa mediana do mercado (190.050) e desacelerando em relação ao dado anterior (180.005).
O destaque do noticiário local, hoje, será a reunião do Conselho Monetário Nacional, em que devem ser reafirmadas as metas de inflação.