Hoje na Economia – 30/04/2020
Mercados financeiros operam sem direção única, após três dias de ganhos na semana. Dados econômicos ao redor do mundo seguem mostrando grande impacto do distanciamento social sobre a atividade, enquanto investidores ficam esperançosos com avanços médicos no combate o novo coronavirus, com anúncio ontem que o remédio da empresa americana Gilead avançou para um estágio seguinte de testes.
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta. O índice regional de ações, MSCI Asia Pacific, contabilizou ganho de 1,2%. Houve avanços de 2,14% no índice Nikkei225 do Japão (após um dia de feriado) e 1,33% na bolsa de Xangai. O iene está se valorizando 0,07% contra o dólar, cotado a ¥/US$ 106,61. As vendas no varejo no Japão em março recuaram -4,5% M/M, como esperado, enquanto a contração na produção industrial foi de -3,7% M/M, menor que a expectativa de -5,0% M/M. Na China, os índices PMI foram divulgados. No setor de manufatura o dado oficial do governo recuou de 52,0 para 50,8, um pouco abaixo do esperado (51,0). O dado divulgado pelo setor privado (pela empresa Caixin) caiu de 50,1 para 49,4, nesse caso ficando abaixo do projetado (50,5). No setor de serviços, o dado oficial do governo veio melhor que o esperado, subindo de 52,3 para 53,2 (expectativa era 52,5).
As bolsas europeias estão operam sem direção única, muitas com leve queda. Há um recuo de -0,08% no STOXX600, com quedas de -0,61% no FTSE100 de Londres e -0,06% no DAX de Frankfurt. Há uma ligeira alta de 0,01% no CAC40 de Paris. O PIB da Zona do Euro teve contração de -3,8% T/T no 1º trimestre, como esperado pelo mercado. A taxa de desemprego não subiu tanto quanto temido, ficando em 7,4% em março contra expectativa de 7,8%. A inflação ao consumidor, por sua vez, ficou em 0,9% A/A no núcleo, acima da mediana de projeções, de 0,7% A/A. Hoje o Banco Central Europeu terá sua reunião, com a expectativa do mercado sendo de manutenção dos juros mas aumento do programa de compra de títulos.
Os mercados americanos operam próximos da estabilidade, alternando ganhos e perdas. O índice futuro do S&P500 cai -0,10% agora. Os juros futuros caem, com a Treasury de 10 anos recuando 2 pp, para 0,609% a.a.. O dólar está perdendo valor contra outras moedas, com o índice DXY recuando -0,15%. Resultados de empresas americanas têm vindo melhor que o esperado, em especial no setor de tecnologia, o que tem sustentado as bolsas. Hoje serão divulgados dados de pedidos de seguro desemprego, que devem ter recuado de 4,4 milhões para 3,5 milhões. Dados de renda e consumo pessoal também devem sair, devendo mostrar queda substancial na inflação, na renda e no consumo das famílias.
Os preços de commodities sobem hoje, com o índice geral da Bloomberg avançando 1,13%. Há alta substancial no preço de petróleo, com o barril tipo WTI sendo cotado a US$ 17,56, um aumento de 16,47% no seu valor. Preços de outras commodities também sobem bastante, com alta de 2% no minério de ferro e 3,6% no níquel.
Na agenda doméstica, hoje será divulgado o dado de desemprego de março, que deve mostrar parte do impacto inicial do distanciamento social no Brasil. A taxa de desemprego deve ter subido de 11,6% para 12,5%, segundo a mediana de expectativas do mercado. Dados fiscais do setor público consolidado também sairão, devendo mostrar déficit de R$ 23,5 bi, mas sem muito impacto do Covid-19 ainda. Na política, o presidente Bolsonaro recuou da indicação de Ramagem para o comando da polícia federa depois da intervenção do ministro Moraes do STF. Os ativos brasileiros devem ter ligeira alta hoje, com os preços de commodities ajudando a bolsa a subir e o real a se valorizar. Os juros futuros devem recuar ligeiramente, com quedas maiores sendo evitadas devido à crise política.