Índice econômico – produção industrial (jul/21)
A produção industrial brasileira teve queda de -1,3% M/M em julho, vindo abaixo da mediana de projeções do mercado (-0,7%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (-0,1%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior houve alta de 1,1% A/A, a menor desde fevereiro (0,3%) e bem menor que a vista no mês de junho (12,0%), uma vez que a base de comparação ficou maior. A variação em 12 meses seguiu aumentando, tendo passado de 7,7% em junho para 8,2% em julho.
Esse já é o segundo mês seguido de queda na produção industrial, após a contração de -0,2% M/M em junho. Dentre as categorias de uso, a produção de bens de consumo duráveis segue como destaque negativo, com queda de -2,7% M/M em julho, após já ter contraído -1,0% M/M em junho. Já são 7 meses consecutivos de queda nessa categoria, com 23,4% de queda desde dez/20. A falta de insumos é a principal razão para a piora nessa categoria, e afeta também outros setores. A produção de bens intermediários recuou -0,6% M/M em julho, o quarto mês consecutivo de queda e com ritmo semelhante ao dos meses anteriores (-0,7% M/M em junho, por exemplo). Em relação a dez/20 a queda acumulada na produção de intermediários é de -3,7%.
A produção de bens semiduráveis e não duráveis teve leve alta em julho, de +0,2% M/M. A média móvel trimestral subiu nos últimos dois meses, porém ainda há uma contração considerável no nível de produção em relação ao do final do ano passado, com a produção 8,9% menor do que o patamar visto em dez/20.
O setor de bens de capital teve alta de 0,3% M/M em julho, desacelerando em relação aos meses anteriores (1,6% M/M em junho, 0,8% M/M em maio e 3,1% M/M em abril). Mesmo com essa alta dos últimos quatro meses, o nível de produção de bens de capital em julho ainda é 4,1% abaixo do visto em janeiro, com o setor ainda não se recuperando plenamente das quedas vistas em fevereiro e março, com a segunda onda de Covid-19. A piora das condições financeiras e da perspectiva de crescimento nos últimos meses, com aumento de tensão política e incerteza em relação à política fiscal ou tamanho do aperto monetário, são responsáveis por essa desaceleração, que deve prosseguir nos próximos meses.
A produção industrial, dessa forma, ainda mostra efeitos negativos da falta de insumos, em especial na produção de bens de consumo duráveis. É esperado que essa restrição de oferta seja normalizada em algum momento do futuro, podendo levar a um aumento na produção desses bens. No entanto, há uma piora na perspectiva de crescimento e aumento das incertezas em relação à economia, com queda na margem na confiança da indústria, que deve fazer o ritmo de crescimento de outros segmentos, como bens de capital, ser mais baixo. A expectativa da SulAmérica Investimentos para a produção industrial de 2021 é de variação de 4,5%, contra -4,5% em 2020. O dado abaixo do esperado na produção industrial de julho coloca um viés para baixo na expectativa para o PIB de 2021, que pode ficar mais baixo que os 5,2% projetados anteriormente, mas ainda em torno ou acima de 5,0%.