IPCA-15 – setembro

IPCA-15 – setembro

IPCA-15 – setembro

20/09/13

O IPCA-15 de setembro mostrou variação de 0,27% M/M, em linha com as expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (0,28% M/M) e com a projeção da SulAmérica Investimentos (0,28% M/M). A taxa de variação em 12 meses do IPCA-15 seguiu diminuindo, dessa vez caindo de 6,15% em agosto para 5,93% em setembro.

Três grupos foram os grandes responsáveis pela variação de 0,27% M/M no IPCA-15 de setembro. Eles foram Habitação (0,53% M/M, contribuição de 0,08 pp), Saúde (0,56% M/M, 0,06 pp) e Transportes (0,30% M/M, 0,06 pp). A maior parte dos outros grupos também teve variação positiva (a exceção foi Comunicação, com variação de -0,07% M/M), porém em menor escala.

Na comparação com agosto, em que o IPCA-15 teve variação de 0,16% M/M, a maior razão para a aceleração em setembro veio do grupo Transportes (de -0,30% para +0,30%). Isso ocorreu em especial devido ao fim da contabilização da queda nos preços de Transporte público (ônibus e trem), além do aumento nos preços das passagens aéreas.

Os preços de bens e serviços administrados seguem com variação baixa em setembro (0,17% M/M). No acumulado em 12 meses, os preços administrados têm variação de 1,20% em setembro, a menor de toda a série histórica. Esses preços têm sido usados como uma âncora pelo governo federal para tentar conter as pressões inflacionárias vistas nesse ano nos preços livres (cuja variação chegou a 8,11% em abril, estando agora em 7,45%), destacando-se o reajuste de tarifas de energia elétrica no começo do ano.

A queda na inflação nos preços livres nos últimos meses (de 8,11% em abril para 7,45% em setembro, na comparação em 12 meses) deveu-se ao comportamento dos preços de Alimentação no domicílio. Os preços dentro dessa categoria chegaram a 15,45% A/A em abril, porém agora em setembro estão em 9,51% A/A. Parte dessa queda decorreu dos preços de alimentos non-tradeables, que têm acumulado grande deflação nos últimos meses, após terem subido muito no final do ano passado e começo desse ano (devido às condições climáticas adversas). A deflação nesses itens deve prosseguir, mas em intensidade menor no próximo mês.

Outra parte da queda dos preços livres decorreu dos alimentos tradeables, que são influenciados pelos preços internacionais de commodities e pela taxa de câmbio. Apesar da desvalorização do real que ocorreu na metade desse ano, os preços de alimentos tradeables têm permanecido com variação baixa (ficando em 0,60% M/M nos últimos dois meses). O fato de os preços de commodities agrícolas não estarem subindo muito nesse ano, em conjunto com a recente valorização do real diante de outras moedas, deve impedir que o cenário visto no final do ano passado se repita nesse grupo.

Os outros grupos do IPCA-15 não mostraram muitas novidades. A inflação de alimentação fora do domicílio segue elevada, reagindo com defasagem ao aumento dos preços de alimentos (e também sendo pressionada pela inflação de serviços).

Os preços de serviços (excluindo alimentação fora do domicílio e passagem aérea) seguem com variação A/A em torno de 8,0%, dessa vez tendo ficado em 8,07% em setembro. Essa inflação elevada nesse grupo deve-se à taxa de desemprego ainda abaixo da taxa de equilíbrio. É de se esperar que à medida que a taxa de desemprego aumente com a desaceleração da atividade, essa taxa de inflação diminua lentamente.

A inflação de bens industriais também segue em torno de 4,5% A/A, ainda reagindo com defasagem à desvalorização do câmbio do ano passado (de R$/US$ 1,70 para R$/US$ 2,00) e do começo do ano. Caso a taxa de câmbio comece a se estabilizar num patamar mais baixo (como vem ocorrendo nas últimas semanas) é possível que a inflação A/A desse grupo comece a ceder no final do ano.

O IPCA-15 de setembro, dessa forma, é condizente com a projeção da SulAmérica Investimentos para o IPCA fechado do mês (0,38% M/M). O IPCA deve começar a mostrar inflação mensal mais elevada no último trimestre do ano, devido à sazonalidade de diversos grupos (alimentos não comercializáveis, vestuário).

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