IPCA Junho/15

IPCA Junho/15

IPCA Junho/15

A inflação medida pelo IPCA ficou em 0,79% M/M em junho, abaixo da mediana das projeções do mercado (0,82%) e da expectativa da SulAmérica Investimentos (0,85%). Mesmo com essa surpresa para baixo, a inflação em 12 meses seguiu subindo (de 8,47% A/A para 8,89% A/A) e é importante mencionar que o IPCA de junho ainda ficou acima das projeções iniciais (que eram de 0,30% M/M, segundo o Focus, há dois meses).

A surpresa em relação às expectativas mais recentes para junho vieram em especial do grupo Alimentação e bebidas. No IPCA-15, a variação desses preços foi de 1,21% M/M, enquanto no IPCA a variação foi 0,63% M/M (contra nossa expectativa de 0,90%). Dentro desse grupo, cabe destacar o comportamento de preços de alimentos não comercializáveis com o exterior (nontradeables), que subiu 3,10% no IPCA-15 e caiu -0,43% no IPCA. O comportamento desses preços parecia que ia contrariar sua sazonalidade usual de meio de ano (de queda), mas, no final, acabou indo na direção usual. É importante destacar também que os preços de combustíveis no IPCA de junho tiveram comportamento diferente do visto no IPCA-15, com queda ao invés de alta.

Em relação ao mês anterior (em que a variação foi de 0,74% M/M), a aceleração se concentrou nos preços de Despesas Pessoais, com destaque para o reajuste de loterias.

Dentro das categorias de uso, os preços administrados seguiram com variação elevada (1,12% M/M em junho, contra 1,22% M/M em maio), como esperado. A inflação de bens industriais também seguiu elevada (0,56% M/M em junho, levando a inflação em 12 meses a passar de 4,86% A/A para 5,42% A/A), assim como a inflação de alimentos comercializáveis com o restante do mundo (tradeables), ambos resultados defasados da depreciação cambial.

A notícia positiva dentre as categorias de uso, além dos alimentos nontradeables, veio dos preços de serviços, com a inflação em 12 meses recuando. No cálculo do Banco Central, a inflação de serviços em 12 meses caiu de 8,23% A/A em maio para 7,91% A/A em junho. No cálculo excluindo passagem aérea e alimentação fora do domicílio, a queda foi mais pronunciada (de 7,29% A/A para 6,71% A/A, o menor nível desde fev/10). A queda na inflação de serviços está relacionada ao aumento da taxa de desemprego e, embora ela possa ser revertida temporariamente no próximo mês segundo nossas projeções, a tendência segue sendo de arrefecimento nesses preços, para em torno de 7,0% A/A (contra 7,7% A/A no final do ano passado).

A inflação de junho surpreendeu para baixo, diminuindo um pouco os temores em relação à sua inércia. A surpresa se concentrou nos preços de alimentos nontradeables, que contrariaram os sinais previamente vistos no IPCA-15 e voltaram a ter comportamento parecido com o usual na sua sazonalidade. Os preços de alguns setores seguem reagindo de maneira defasada aos choques de custos, em especial do câmbio e da eletricidade, como os bens industriais. A notícia positiva foi a continuação do arrefecimento da inflação de serviços, reagindo à maior taxa de desemprego. A expectativa da SulAmérica Investimentos é de que a inflação de julho ainda siga pressionada por alguns preços administrados, mas recue em relação à de junho (para em torno de 0,50% M/M), e que o IPCA de 2015 como um todo fique em torno de 9,2%.

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